Saturday, January 19, 2008

A arte da paciência

Sou impaciente. E talvez o título seja meio enganoso, porque dá a idéia de que esse será um post daqueles zen-budistas, mas nem será. Na verdade, é sobre a angústia de uma espera, como ela pode parecer enlouquecedora.

Quinta-feira vivenciei um dia inteiro de entrevistas. Uma porção de matérias por fazer, vários professores e alunos para ouvir, anotações e lugares diferentes para ir. Em duas delas inverti os papéis e fui a entrevistada. E não sei se porque desde novembro não fazia matérias externas em grande número, ou se porque era um dia chuvoso e a minha real vontade era ter ficado em casa no conforto da minha rede, mas acho que tinha esquecido o quanto se espera para uma entrevista.

Lá estava eu, às 11h em ponto, esperando para começar a entrevista. Quando a secretária me vê, já abre um sorriso amarelo. " O doutor vai se atrasar". Daí eu abro um mais amarelo ainda "não tem problema". Mentira. Claro que tinha problema, 12h30 deveria estar numa outra pauta bem distante dali, por isso era bom o doutor se apressar.

Ok, teria de ser paciente. Afinal de contas estava chovendo e basta cair um pingo d'água para que a rotina das pessoas em Fortaleza se altere. A começar pelo trânsito, que fica praticamente impraticável (perdão pelo trocadilho, não resisti). Perto do meio-dia ele chegou. Era tocar o barco pra frente e torcer para que tudo se resolvesse o mais breve possível. Fiz a entrevista e saí rumo à próxima pauta.

A cena se repetiu em todos os locais, até naqueles em que eu era a entrevistada. O que aumentou a tensão. Você chega para a sabatina e dá de cara com mais 6 pessoas na espera. E as pessoas ficam especulando, lançando teorias, jogando macetes e até blefando. Sempre tem alguém que conhece um amigo de um parente de um vizinho de um primo da secretária da firma que já passou por aquele processo e disse que foi assim, assim e assado. Mas você só faz "anham" e volta aos seus pensamentos. A pessoa, no entanto, não se conforma. Como boa caçadora de assunto, ela vai em frente e pergunta a pessoa que está sentada depois de você, justamente para dar a sensação de incômodo, de que você está atrapalhando o papo dos dois. Aos poucos, mais e mais pessoas iam chegando. Além de estarem meio perdidas na ordem da fila, elas ficavam perdidas na ordem da conversa. E toca a repetir a mesma coisa 50 vezes.

Nessas horas é que você pede a Deus que o mundo se acabe, para ver se aquilo chega ao fim. Daí você percebe que a misericórdia existe, a porta se abre e gritam seu nome, ou melhor, "próximo!". É praticamente um halo de luz descendo e lhe conduzindo ao paraíso. Tá, tudo bem. Não tinha o 97 virgens de cueca box, mas a gente releva. Só em já ter saído do corredor conspiratório foi um alívio tremendo.

Chegar em casa, então, nem se fala! Daí você reflete como a propaganda da mastercard faz certo sentido. E o teste de paciência segue até o dia do resultado...

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