Sabe, às vezes a menina se perguntava acerca do porquê de as pessoas mexerem com aquilo que estava quieto. Principalmente quando se mexe com algo pseudo quieto, como é da natureza dos
sentimentos.
E eis que, mexido, algo que somente bobamente fora aventado - apenas como mera suposição, que fique claro, num desses tantos momentos de bobices que rondam a cabeça de uma menina empertigada e de olhinhos perscrutadores - começa a tomar ares de realidade.
E a menina mais uma vez pensava,não fosse tão tímida para determinadas situações, teria aceito participar do jogo que o moço lhe propunha e passaria a jogar até pedra na lua, adotaria uma estrela como sua, cativaria um sorriso.
Gostava de brincar, não negava. O jogo apetelecia-lhe, era fato. No entanto, dar o primeiro passo constituia-se numa impossibilidade. Receio, sim, um receio grande, gigantesco. Como cahegar para o moço com um sorriso maroto nos lábios e dizer:
"-Hey, dá-me sonhos teus para eu brincar."?
O grande receio estava na possibilidade das negativas. Alguns viriam dizer-lhe que essas fazem parte da vida, talvez constituam o processo de engrandecimento humano. Sem fixar-lhes o olhar, "who cares?", responderia.
O que sabia era isso: o moço havia ativado algo naqueles pueris sentimentos de menina. E de repente, meio que uma luz havia descido do céu e iluminado tudo à sua volta, seu querer,
seu ser, seus pensamentos e então toooooooodo um mundo novo se havia descortinado.
E com esse novo mundo, dilemas. Oh, sim, porque dilemas também fazem parte do processo
de engrandecimento humano, diriam os conselheiros de vidas alheias. Estava agora sentada a balançar as pernas sobre um amontoado de incertezas. Ansiava por respostas, pois é da natureza das meninas empertigadas isso de querer tudo ao mesmo tempo agora. Pensara em escrever. Se serviria? Sabe-se lá. Talvez desse sorte e o moço lêsse.
Ou não.