Saturday, August 19, 2006

Em terra de cegos que tem um olho é caolho

As propagandas políticas começaram na TV. Me intriga aquilo ser gratuito e durar tanto tempo. Quem colocou na cabeça que aquela série de discursos lidos e ensaiados ajuda a decidir em que se vai votar?? Não agüento mais ver a biografia do Alckmin ou a musiquinha desritmada do Lula, as intenções salvadoras do Cristovam ou o apelo de mãe abnegada da Heloisa Helena. Confesso que, por mais patético que seja, sorrio muito com o jingle do Eymael, é tão tão tão patético que chega a ser divertido aquilo de "ey ey ey mael". Fazer o que, ninguém é perfeito. Não me olhe assim!

Mas rabugices à parte, fico abismada com a capacidade desses políticos acharem que tudo o que fizeram no exercício de seus mandatos foi um favor para os eleitores. E o que é pior: mostrar pobres coitados que devem ter recebido um por fora para dizerem "o seu fulano é um homi bão". Sem falar que cada um dos candidatos puxou um pedacinho da Bolsa Família. A pobre Bolsa Família está só os farelos, cada qual querendo se aproveitar mais em cima de um projeto assistencialista que deu resultado e promete ser a galinha dos ovos de ouro do atual governo, afinal, como o próprio Lula diz, "é um programa de transferência de renda". Só me pergunto uma coisa: desde quando o trabalhador brasileiro tem renda? Sabe, isso é intrigante, porque renda é uma espécie de lucro que se consegue ao se valer de um bem, propriedade, enfim, que gera receita e que fique em seu poder. Só que os trabalhadores da nação não fazem isso, eles vendme sua força de trabalho, ou seja, perdem a posse sobre ela. Logo se conclui que eles não possuem renda.... Ai, ai

E sem falar do intrigante que é ouvir falar em classe média nos programas políticos. Afinal, que classe média? Ah, certo, você quis dizer neo-pobres, não foi?

E o que é aquilo de, em todo lugar que a Heloisa Helena vai, algum "popular" entregar um buquê de flores pra ela? E a vestimenta banca eterna de manguinhas princesa é promessa de campanha?

E eu ri horrores com o Luciano Bivar se dizendo "homem do povo". Engraçado que em toda época de pleito os candidatos viram "gente como a gente", "pessoas do povo", "conhecedores das necessidades da população" e por aí vai. Ele indignado com as afrontas da Folha e escrachando a mídia impressa... huhuhu bobinho esse menino... talvez nunca tenha ouvido falar em tiro no pé.

Mas em época de propaganda eleitoral, o mais bizonho sãoos candidatos a deputado e suas pupilas mexedoras. Parecem barra de máquina de escrever, vão se afatando do centro, se afastando se afastando e plim!, voltam ao centro do orbital ocular novamente para tornarem a se afastar. E o candidato do entusiasmo? Não lembro o nome, sei que elediz que "pelo meu entusiasmo, os eleitores podem perceber o compromisso que tenho"... detalhe é que ele fala isso mecanimente, sem a menor ponta de naturalidade, e também é possuidor dos olhos de máquina de datilografar.

Triste!

O momento mais feliz mesmo é quando aponta a tela azul royal do TSE mostrando o número da lei e dizendo que encerrou o hohário eleitoral gratuito =)

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