Ler ou não ler, eis a moda!
Prateleiras abarrotadas de livros, os mais diversos tipos, cores, assuntos... Por toda parte agora se vê algum livro, algum leitor famoso ou dica de leitura. Desde a mais chinfrim revista de fofocas ao mais importante jornal do País: em todos eles há alguém dizendo que lê, o que lê e porque lê!
Aí vem a pergunta: isso quer dizer que o Brasil está se tornando um país de leitores, correto? Não! Errado! O que acontece é que Literatura virou alternatividade da moda. Todos aqueles que desejam um lugar ao sol tendem a dizer abertamente que lêem, pois ler é cult, cool, inééérrimo (superlativo de in), fashion ou qualquer outra designação que o valha para definir status a quem adere à tendência.
Você vai feliz da vida, folheia a revista de sua preferência e logo percebe uma série de pessoas falando daquilo que tem lido. Haja políticos, modelos, atores, arroz-de-festa, ex-participantes de reality show e socialites comentando os títulos que mantêm em suas cabeceiras.
Há ainda a famigerada classe de leitores de orelhinhas e desodorantes. Explico. O primeiro grupo sabe no máximo o resumo da obra com base no que leu na orelha do livro. Já o segundo, nem isso sabe, o livro figura como adjunto de desodorante, ou seja, não sai debaixo do braço, permanece o tempo todo ali para fazer charme e impressionar. E quando perguntados sobre o que acharam desse ou daquele livro respondem com os textos padrão:
“Maravilhoso, o autor articula de maneira fantástica suas idéias e nos prende nas páginas, incrível! Este livro tem mudado minha vida! Fabuloso!”.
Em outras palavras: não diz nada. No entanto, ele já conseguiu aquilo que queria: promoveu sua imagem, garantiu seus 15 centímetros de fama e de quebra a editora do livro em questão garantiu vendas, já que o valor agregado à imagem daquele famoso foi repassado ao livro que ele lê.
Outra situação a ser apontada nessa nova moda é o fato de que não basta só ler, tem que escrever também. Tudo quanto é gente se dizendo escritor. A bola da vez é a ex-prostituta Bruna Surfistinha com o seu “O Doce Veneno do Escorpião”, que há algumas muitas semanas figura na lista dos 10 livros mais vendidos do Brasil e 15 entre 10 entrevistados diz estar lendo.
Vizinho ao nome de Bruna Surfistinha, figura o nome do maior fenômeno de vendas da atualidade, o escritor americano Dan Brown, que tem cinco livros de sua autoria na lista dos mais vendidos. Uma de suas obras que foi estouro no Brasil, “O Código da Vinci”, virou filme com estréia prevista para 19 de maio e reaqueceu a procura pelo livro homônimo. Situação semelhante aconteceu com os clássicos livros de J.R. Tolkien e os “Harry Potter” que passaram a ser super procurados graças ao sucesso alcançado nas bilheterias dos cinemas.
Há quem defenda que é melhor ler dessa maneira, por modismo, do que não ler nada. Até é verdade, contudo a leitura perde seu sentido de aprendizado e passa a um fomentador do status quo. Quem compartilha dessa nova mania não está lendo, ou dizendo que lê, por um prazer, um hábito, um costume. Está declarando isso por mera intenção promocional, não há uma atitude cultural e de mudança de hábitos. É lastimável ver a cultura ser usada para esse fim.
Essa situação remete aos idos do final da Idade Média e começo do Renascimento em que os livros, feitos de maneira artesanal, eram sinal de abastança e poder. O simples fato de possuí-los já rendia posição de destaque ao seu dono, se ele lia ou deixava de ler, não importava. O sucesso já estava garantido, a sociedade validaria a posse e estar-se-ia conversado.
Com isso, retorno às prateleiras cheias do início desse texto e percebo mais uma vez que não basta tê-las apinhadas de volumes em edições luxo e com papel couchê, cheia de títulos da moda e autores consagrados com suas fórmulas de bolo de fazer livros se isso não render incentivo à cultura e à leitura. Enquanto a Literatura seguir sendo usada para autopromoção dos pseudoleitores/pseudoautores e não para difusão do saber, nada disso valerá a pena.
Aí vem a pergunta: isso quer dizer que o Brasil está se tornando um país de leitores, correto? Não! Errado! O que acontece é que Literatura virou alternatividade da moda. Todos aqueles que desejam um lugar ao sol tendem a dizer abertamente que lêem, pois ler é cult, cool, inééérrimo (superlativo de in), fashion ou qualquer outra designação que o valha para definir status a quem adere à tendência.
Você vai feliz da vida, folheia a revista de sua preferência e logo percebe uma série de pessoas falando daquilo que tem lido. Haja políticos, modelos, atores, arroz-de-festa, ex-participantes de reality show e socialites comentando os títulos que mantêm em suas cabeceiras.
Há ainda a famigerada classe de leitores de orelhinhas e desodorantes. Explico. O primeiro grupo sabe no máximo o resumo da obra com base no que leu na orelha do livro. Já o segundo, nem isso sabe, o livro figura como adjunto de desodorante, ou seja, não sai debaixo do braço, permanece o tempo todo ali para fazer charme e impressionar. E quando perguntados sobre o que acharam desse ou daquele livro respondem com os textos padrão:
“Maravilhoso, o autor articula de maneira fantástica suas idéias e nos prende nas páginas, incrível! Este livro tem mudado minha vida! Fabuloso!”.
Em outras palavras: não diz nada. No entanto, ele já conseguiu aquilo que queria: promoveu sua imagem, garantiu seus 15 centímetros de fama e de quebra a editora do livro em questão garantiu vendas, já que o valor agregado à imagem daquele famoso foi repassado ao livro que ele lê.
Outra situação a ser apontada nessa nova moda é o fato de que não basta só ler, tem que escrever também. Tudo quanto é gente se dizendo escritor. A bola da vez é a ex-prostituta Bruna Surfistinha com o seu “O Doce Veneno do Escorpião”, que há algumas muitas semanas figura na lista dos 10 livros mais vendidos do Brasil e 15 entre 10 entrevistados diz estar lendo.
Vizinho ao nome de Bruna Surfistinha, figura o nome do maior fenômeno de vendas da atualidade, o escritor americano Dan Brown, que tem cinco livros de sua autoria na lista dos mais vendidos. Uma de suas obras que foi estouro no Brasil, “O Código da Vinci”, virou filme com estréia prevista para 19 de maio e reaqueceu a procura pelo livro homônimo. Situação semelhante aconteceu com os clássicos livros de J.R. Tolkien e os “Harry Potter” que passaram a ser super procurados graças ao sucesso alcançado nas bilheterias dos cinemas.
Há quem defenda que é melhor ler dessa maneira, por modismo, do que não ler nada. Até é verdade, contudo a leitura perde seu sentido de aprendizado e passa a um fomentador do status quo. Quem compartilha dessa nova mania não está lendo, ou dizendo que lê, por um prazer, um hábito, um costume. Está declarando isso por mera intenção promocional, não há uma atitude cultural e de mudança de hábitos. É lastimável ver a cultura ser usada para esse fim.
Essa situação remete aos idos do final da Idade Média e começo do Renascimento em que os livros, feitos de maneira artesanal, eram sinal de abastança e poder. O simples fato de possuí-los já rendia posição de destaque ao seu dono, se ele lia ou deixava de ler, não importava. O sucesso já estava garantido, a sociedade validaria a posse e estar-se-ia conversado.
Com isso, retorno às prateleiras cheias do início desse texto e percebo mais uma vez que não basta tê-las apinhadas de volumes em edições luxo e com papel couchê, cheia de títulos da moda e autores consagrados com suas fórmulas de bolo de fazer livros se isso não render incentivo à cultura e à leitura. Enquanto a Literatura seguir sendo usada para autopromoção dos pseudoleitores/pseudoautores e não para difusão do saber, nada disso valerá a pena.
Posted by Mocinha Falante at 7:36 PM::
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